quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Pretérito Imperfeito - I


A long time ago, in a galaxy far, far away… Eu namorava uma garota, que dentre todas as namoradas que tive, era a mais querida, anos luz a frente. Nosso namoro durou por volta de três anos, tudo dava certo, a família dela me adorava assim como a minha família à ela, não tínhamos ciúmes um do outro, saiamos sozinhos de vez em quando, viajamos bastante, nos amávamos e na época eu nem desconfiava ser bipolar, mas ela sabia levar meu mal humor e irritabilidade sem entrar no clima de briga, na boa.

Pois bem, tudo era perfeito, até o dia em que do nada e sem motivo verdadeiro decidi que não era mais.

Era carnaval, havíamos ido para a casa de praia da família dela e convidamos um casal de amigos para irem junto conosco. Nos primeiros dias tudo andou perfeitamente, todos estavam se divertindo; até que no terceiro dia, eu decidi, não poderia esperar terminar o carnaval, tinha que ser naquele momento. Chamei minha namorada e lhe disse de forma direta:

 – Nosso namoro terminou, não te amo mais!

Ela, sem conseguir processar a quantidade de informações e não entender o motivo da minha reação impulsiva, caiu em uma crise de choro. Eu, já não podia fazer nada, tinha tomado minha decisão. As outras pessoas na casa tampouco sabiam o que acontecia e muito menos o que fazer. Com exceção daquele amigo que veio conosco, ele tentou botar panos quentes para ver se conseguia acalmar a situação, mas eu estava agora extremamente nervoso, não lhe dei ouvidos e sai de casa rumo à casa de outro amigo em uma praia vizinha.

(Antes de decidir que terminaria naquele momento, os pensamentos que passaram pela minha cabeça eram do tipo: nosso relacionamento esta monótono, quero alguém mais extravagante; ela era bonita mas eu queria alguém mais bonito;  ela era atraente mas eu queria alguém mais atraente; e se eu quero isso, que seja agora, não vou ficar me enganando e enganado a ela.)

Chegando nessa outra praia, encontrei meu amigo e sua namorada que pouco me perguntaram sobre o ocorrido. Eu já estava mais calmo, com a sensação que tinha tomado à atitude correta. Nessa noite bebemos exageradamente e fomos dormir, coisa de alguns minutos, pois recém havíamos deitado e a criançada que havia na casa nos acordou.

Nesse mesmo dia, voltei à casa da agora minha ex-namorada para que fossemos embora da praia. Ela estava pior que no dia anterior, chorava muito e não entendia o por que. Já meus amigos, voltaram de ônibus, estraguei o feriado deles e meu amigo ficou um bom tempo sem falar comigo, sua namorada não queria me ver nem morto.

A volta, foi uma viagem angustiante, tentei acalma-la, explicar que eu tinha tomado a decisão, e ela a vigem inteira chorando, numa tristeza que durou alguns meses. Por fim, deixei ela na casa de seus pais e expliquei que havíamos terminado.


PS. Hoje tenho uma boa amizade com minha ex-namorada e a amizade e camaradagem com esse casal de amigos, está da mesma  forma de antes do ocorrido.


Esta doença é cruel com todos. Antes dela ser conhecida, vivemos na escuridão e causamos dano a nós mesmos e aos outros, que geralmente são as pessoas mais próximas e queridas a nós. Agradeço por hoje ter consciência do transtorno bipolar, conhecer suas manifestações e estar estável com a medicação.

2 comentários:

  1. Histórias, histórias, histórias...

    Não sei se fico contente lendo essas coisas, não sei se fico triste. Mas realmente me sinto vazio quando me deparo com textos como esse. Não sei, tenho a impressão de que sou um telespectador de histórias alheias e absolutamente nada acontece comigo.

    Enfim, bom que você acha que tomou a atitude certa. Ruim seria ficar arrependido. Ficar arrependido é a coisa mais fácil do mundo.

    Abraço. Você escreve bem.

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  2. Skull, valeu pelos elogios, nunca me senti confortável recebendo-os, mas estou mudando :)

    Gostei muito do seu blog, ainda não li todo. Tem muitos temas que pretendo escrever também, álcool, remédio, amigos (ou a falta deles) e você escreve muito bem. Deixo o link do seu blog abaixo:

    diariodeumjovemdepressivo.blogspot.com.br/

    Sobre as histórias, sabe aquela, que a grama do vizinho é sempre mais verde :)

    Grande abraço

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