domingo, 17 de janeiro de 2016

Quem fica feliz por descobrir que é bipolar?

No dia em que o médico me diagnosticou com TAB, eu já tinha certeza que era bipolar. Depois de um episódio de mania que não terminou bem, ficou evidente o diagnostico. Credito o diagnostico ao fato do episódio maníaco com surto psicótico ter um desfecho que incluiu entre outras coisas, delegacia e internação. Caso esse episódio terminasse sem maiores complicações e estardalhaços, como ocorreu em casos passados e hoje sou capaz de ver, acredito que não teria consciência de ser bipolar, continuaria pensando ter apenas depressão e um temperamento forte.

Dado o diagnostico e algumas explicações, o médico parou de falar por um instante e eu lhe disse:

- Estou feliz em saber o diagnostico!

Um olhar do médico e continuei:

- Hoje olho para o passado e sei exatamente que em certas situações, eu estava em hipomania ou mania e tive sorte que só agora, nesse último episódio ter tido consequências negativas,  sendo que, nos episódios anteriores corri sério risco de morte.

Terminou por ai a conversa, já estava no final da consulta.

Já em casa parei para pensar, por que fiquei feliz com o diagnostico?

Sem saber que eu era bipolar, só me restava agir em função dos meus humores, para mim minhas reações pareciam normais; meus atos impulsivos tinham sentido, os outros que eram lentos, viviam me provocando e se eu tinha razão, por que ficavam bravos ao invés de aceitarem? Poxa, eu era o cara :)

Recebendo o diagnostico e ficando feliz, eu estava dizendo a mim mesmo que agora eu seria capaz de mudar alguma coisa, tomar o controle sobre algo que eu nunca tive. Em nenhum momento fique angustiado ou perturbado com o fato de ser uma doença sem cura e que necessita tratamento pelo resto da vida. Agora eu sei como funciono e fico feliz com isso.

Hipótese: Se eu tivesse recebido o diagnostico com tristeza ou não o aceitasse,  duas coisas; eu estaria em uma fase depressiva, onde não veria solução para a doença ou não enxergaria episódios graves de mania no passado, que me preocupassem.



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